
A guerra de talentos e a ascensão da geração Y ao mercado de trabalho estão levando alguns jovens a deixar grandes empresas de recrutamento de mão de obra especializada e abrir escritórios, com propostas diferenciadas. No fim do ano passado, surgiu a Vittore Partners, focada em recrutar executivos para as áreas de direito, tributação, compliance e relações governamentais.
Dois dos sócios, Raul Cury Neto e Bruno Lourenço, ambos com menos de 40 anos de idade, trabalharam por cerca de cinco anos em uma das maiores empresas de recrutamento quando decidiram seguir um caminho próprio. “A ideia era ter uma boutique em que atuássemos em um nicho de mercado, tendo um contato mais próximo dos clientes”, afirma Lourenço. A expectativa é de que os negócios de recrutamento cresçam nas áreas em que a empresa atua também por conta da nova Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/13), que acaba de entrar em vigor e que prevê sanções econômicas, políticas e eleitorais, sob o fundamento de buscar a probidade no meio empresarial.
“Essa lei já tem impactado na contratação de profissionais, com as empresas buscando reforçar suas áreas de compliance”, destaca Cury Neto, que frisa que desde a metade da década passada as multinacionais já começam a reforçar seus procedimentos para cumprir normas éticas e legais. Esse cenário se reforçará com a nova legislação que, por sua vez, deverá também impulsionar a discussão sobre a legalização da prática do lobby. “O mercado de relações governamentais deverá ser o próximo foco de atenção e deverá ter um forte crescimento no Brasil.”
Além do recrutamento, a ideia é apresentar soluções, como mapeamento de tendências do mercado. Recentemente, a Vittore se envolveu no processo de contratação de um escritório de advocacia que buscava um profissional para a área regulatória. “Buscamos ver qual o custo, se era um advogado mesmo que ocuparia essa posição, a quem ele se reportaria, quantos tinham na sua equipe.” Outro exemplo é de um escritório que busca ampliar seu faturamento. “Tentamos ver o que seria preciso para a abertura de uma nova área na banca, como os concorrentes trabalham, como é a demanda da área, o faturamento, como é a equipe, assim ele pode ter em mãos se isso é viável ou se seria melhor adquirir um escritório menor, por exemplo”, observa Cury Neto.
No caso da Hub, a empresa de RH abriu seu primeiro escritório no início do ano, com a ambição de oferecer consultoria às empresas, que querem entender cada vez mais a nova geração de jovens que chega ao mercado de trabalho. “O mundo mudou radicalmente, o foco não é mais vender um banco de nomes, mas ajudar a definir estratégias, o tipo de perfil de cada um dos profissionais mais adequado para cada vaga e apontar as tendências”, destaca Dudu Ribeiro Dias, um dos fundadores da empresa de recrutamento. Hoje 50% da população economicamente ativa começou a trabalhar nas duas últimas décadas. Entender esse novo perfil e criar estímulos para atração e retenção desses jovens talentos se tornaram ferramentas primordiais.
“A análise dos estímulos não pode ser mais focada só em remuneração, essa geração nova preza liberdade e criatividade, ambientes de alto aprendizado, sem muita hierarquia e com pouca burocracia. Portanto é preciso pensar sob esse cenário novo, estando mais próximo das pessoas e das empresas, para oferecer a melhor consultoria”, destaca ele, há 15 anos na área de seleção de executivos.
Para Ribeiro Dias, nesse contexto, um ponto importante a ser trabalhado pela Hub é o desenvolvimento de uma estratégia de marketing para atrair e reter talentos. “O Google é um exemplo disso, ele conseguiu vender uma imagem lúdica de se trabalhar lá, com o escritório tendo áreas de lazer e várias funcionalidades que não existiam em outras empresas”, observa o empreendedor, que diz a Hub já mantém conversas com algumas empresas brasileiras que estão interessadas em desenvolver esse lado.
Fonte: http://www.valor.com.br/carreira/3446934/novas-gestoras-de-rh-investem-em-consultoria-personalizada