O impacto dessa redução de recursos, contudo, não deverá diminuir os empréstimos, que deverá crescer cerca de 16%, mesmo com uma inflação anual de apenas 4%.
por Alveni Lisboa
O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES poderá devolver até quatro vezes mais do que o esperado para 2019: de R$ 26 bilhões para até R$ 100 bilhões. A ideia é atender a um pedido do ministro da Economia, Paulo Guedes, que deseja revisar todos os recursos emprestados pelo Tesouro ao Banco. A maior parte já foi devolvida, mas ainda restam aproximadamente R$ 200 bilhões para retornar aos cofres da União.
Guedes já manifestou interesse em “desestatizar” o crédito no Brasil, reduzindo a oferta de recursos públicos como empréstimos e financiamentos a grandes empresas privadas. Isso porque, na visão do ministro, essa quantia deveria ser utilizada apenas para incentivo ao crédito do micro e pequeno empreendedor, que possuem menor capacidade de captar recursos. Além disso, Guedes culpa esses vultosos empréstimos que usam recursos do Tesouro como um dos principais responsáveis pela sobrecarga das contas públicas, o que teria impacto nas contas de estados e municípios e pressionaria a alta na taxa de juros repassada a toda a sociedade.
O retorno dos recursos para o governo deverá reduzir a dívida pública em 1,5% do PIB – em novembro, o total da dívida era de 77,3% do PIB. Segundo o jornal Valor Econômico, há quem se mostre preocupado com a redução do montante disponível para financiamento em um ano de retomada do crescimento econômico brasileiro. O impacto dessa redução de recursos, contudo, não deverá diminuir os empréstimos, que deverá crescer cerca de 16%, mesmo com uma inflação anual de apenas 4%.
Comentários do professor Jacoby Fernandes: empresas de grande porte e multinacionais possuem mais solidez, faturamento elevado e tempo de mercado, o que são fatores importantes para a obtenção de crédito. Já para as empresas de pequeno porte, a situação é invertida: o pouco tempo de operação e os resultados econômicos tímidos são grandes empecilhos para a obtenção de recursos junto aos bancos privados. Se o BNDES conseguir disponibilizar linhas de crédito atrativas para os empreendedores de micro e pequenas empresas, com baixas taxas de juros e prazo estendido para pagamento, alinhado com uma política de desburocratização e reforma tributária, o país poderá experimentar uma explosão de crescimento empresarial, o que irá reaquecer a economia, gerar empregos e recolocar o Brasil na rota do desenvolvimento econômico.
Com informações do Valor Econômico.