O primeiro semestre de 2015, pelo menos, "será duro" para a competitividade da economia brasileira. A avaliação é do gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca.
O primeiro semestre de 2015, pelo menos, “será duro” para a competitividade da economia brasileira. A avaliação é do gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca.
“Acabaram as desonerações tributárias e a taxa de juros deve continuar elevada”, lembrou o economista, ao apresentar o relatório “Competitividade Brasil 2014”, na sede da entidade patronal. Segundo o estudo, o Brasil continua na penúltima posição de um ranking com 14 países concorrentes. Só a Argentina, em crise financeira e cambial, ficou mais mal posicionada.
Fonseca ponderou que há compromissos do governo em outros pontos, como na redução da burocracia, como afirmado pelo ex-presidente da CNI e atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.
“O que a gente espera é que, paralelo a isso, [o governo] mantenha a agenda da competitividade andando, como na questão da burocracia”, disse Fonseca. Os termos são semelhantes aos expostos por Monteiro em seu discurso de posse, em que prometeu o lançamento de um pacote de estímulo às exportações.
Mesmo com o ajuste, disse Fonseca, a “evolução vai ser vagarosa. Em 2015 precisamos ter um ambiente macro estável. Tem que haver previsibilidade para o empresário, não só em termos de preços, mas também de resposta do governo”.
Além dos problemas decorrentes da burocracia, Fonseca citou os investimentos em infraestrutura como outro ramo onde é possível avançar sem prejudicar o ajuste fiscal promovido pela equipe econômica do governo.
PPPs
“Na área de infraestrutura é possível avançar trazendo investimento privado para Parcerias Público-Privadas (PPP) e concessões. O governo avançou muito na área normativa e a questão agora é fazer decolar essas concessões e PPPs”, analisou ele.
O gerente da CNI acrescentou que “o governo precisa entender que isso [o investimento privado] é importante. Não há recurso para [a União] fazer todos esses aportes”.
Fonseca reconheceu, porém, que seria “mais fácil [avançar na agenda da competitividade] sem ajuste fiscal, mas é necessário fazer o ajuste até porque não deixa o rating soberano do Brasil cair”.
O economista lembrou que a nota brasileira “facilita o investimento externo” em empresas brasileiras. Assim, o ajuste, apesar de efeitos negativos, contribuirá, por outro lado, na competitividade.
Fonte: MARCHESINI, Lucas; RITTNER, Daniel. Equipe econômica precisa avançar na agenda da competitividade, diz CNI. Valor Econômico. Disponível em: . Acesso em: 15 jan. 2015.