O deslocamento de casa para o trabalho em qualquer lugar do mundo é sempre um grande tormento. Quer seja dirigindo o próprio carro ou usando meios coletivos de transporte, esses trajetos são geralmente cansativos e muitas vezes estressantes.
No Brasil, essas características não são muito diferentes, e muitas mudanças vêm acontecendo nos últimos 20 anos, em consequência de várias razões que vão desde o crescimento populacional ao aumento no consumo de automóveis.
Foi buscando identificar quais foram as principais tendências presentes no país, que o IPEA fez um estudo analisando dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o tempo de deslocamento entre casa e o trabalho dos brasileiros entre 1992 e 2009, e acaba de divulgar seus resultados.
Sem muita surpresa para paulistanos, São Paulo foi identificada como a cidade brasileira onde os moradores levam mais tempo para se deslocar para o trabalho: 43 minutos, em média. O tempo é o segundo mais longo do mundo, perdendo apenas para Xangai, na China, como mostra o gráfico abaixo.
O estudo aponta que tem havido uma piora nas condições de transporte urbano das principais áreas metropolitanas do país desde 1992, com um aumento nos tempos de viagem casa-trabalho. As cidades de Curitiba e Porto Alegre são as únicas duas exceções, onde os tempos de viagem têm se mantido relativamente estáveis desde então. A proporção de trabalhadores que fazem trajetos casa-trabalho muito longos – com mais de uma hora de duração – também aumentou consideravelmente, chegando a quase um quarto de todas essas viagens em algumas áreas metropolitanas.
Os dados da pesquisa também mostram diferenças expressivas no tempo de viagem casa-trabalho entre os diferentes níveis de renda. Em média, das nove maiores regiões metropolitanas e no Distrito Federal, o segmento mais pobre dos trabalhadores gasta em média 20% mais tempo no trânsito do que o segmento mais rico.
Já é fato que o país está passando por uma crise de mobilidade urbana, e cada vez mais estudos como estes reiteram o que a população vive no seu dia a dia. A opção pelo transporte individual é uma das grandes causas, sem dúvida, mas também contribuem a falta de um planejamento urbano eficaz e opções reais de transporte coletivo que atualmente são insuficientes e ineficazes. A resposta atual é que devemos esperar pelas obras de infraestrutura que estão sendo feitas para a realização da Copa do Mundo de 2014.
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