Em 2017, eram 12 milhões de servidores públicos na ativa e o pagamento dos salários consumiu R$ 725 bilhões – alta de 48% em dez anos. Isso representa 10,7% do Produto Interno Bruto brasileiro.
por Alveni Lisboa
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea divulgou estudo que mapeia inúmeras informações sobre os servidores públicos brasileiros. O “Atlas do Estado Brasileiro: uma análise multidimensional da burocracia pública brasileira em duas décadas”, foi publicado ontem, 18, e é uma plataforma online que possibilita que qualquer pessoa consulte dados sobre o serviço público.
É possível, por exemplo, filtrar as informações por nível federativo e pelos três poderes e obter informações como total de vínculos de emprego no setor público, evolução anual da remuneração mensal média, comparações entre civis e militares, diferenças de remuneração por gênero, nível de escolaridade dos servidores e como isso influencia as remunerações, entre outros dados.
Em 2017, eram 12 milhões de servidores públicos na ativa e o pagamento dos salários consumiu R$ 725 bilhões – alta de 48% em dez anos. Isso representa 10,7% do Produto Interno Bruto brasileiro. A conta inclui militares e exclui servidores de estatais. Nos municípios, o número de servidores na ativa, entre 1995 e 2016, cresceu 175%, para 6,5 milhões de pessoas, enquanto nas esferas estadual e federal essa alta foi de apenas 28%. A maior parte dos servidores públicos atua na área de saúde, segurança e educação.
Comentários do professor Jacoby Fernandes: o levantamento revela que a remuneração média do servidor do Judiciário é o dobro do salário do Executivo, na esfera federal. Servidores do Executivo ganham, em média, R$ 8 mil, enquanto os do Judiciário percebem R$ 16 mil. No Judiciário, esse montante acaba sendo puxado para cima por causa da remuneração dos juízes, que é bem superior ao dos servidores concursados. Mesmo assim, o Poder Judiciário ainda é reconhecido pela morosidade e baixa produtividade. Já no Legislativo, a média salarial é de 90% do que ganha um servidor do Judiciário, com aproximadamente R$ 14 mil, em média.
Se compararmos estes parâmetros com os salários pagos na iniciativa privada, constatamos o abismo que há entre a remuneração pública e a privada, o que explica a busca quase que incessante pelos concursos públicos. Ainda precisamos avançar muito na reforma tributária e na reforma da previdência para que o país busque corrigir distorções e equalizar melhor esses dados.
Um país que tem a economia ancorada na atividade pública e essa sustentada apenas por tributos não tem como se desenvolver com sustentabilidade. A “solução” apontada é o aumento de impostos. Romper esse ciclo é tarefa necessária e difícil.
Com informações do jornal O Globo.